Para fechar o mês da Consciência Negra, nada melhor do que algumas dicas literárias de autores negros nascidos em Novembro!
Lázaro Ramos – Na minha pele
Movido pelo desejo de viver num mundo em que a pluralidade cultural, racial, étnica e social seja vista como um valor positivo, e não uma ameaça, Lázaro Ramos divide com o leitor suas reflexões sobre temas como ações afirmativas, gênero, família, empoderamento, afetividade e discriminação. Ainda que não seja uma biografia, em Na minha pele Lázaro compartilha episódios íntimos de sua vida e também suas dúvidas, descobertas e conquistas. Ao rejeitar qualquer tipo de segregação ou radicalismos, Lázaro nos fala da importância do diálogo. Não se pode abraçar a diferença pela diferença, mas lutar pela sua aceitação num mundo ainda tão cheio de preconceitos. Um livro sincero e revelador, que propõe uma mudança de conduta e nos convoca a ser mais vigilantes e atentos ao outro.
Colson WhiteHead – Reformatório Nickel
Conforme o movimento pelos direitos civis alcança os negros de Frenchtown, na segregada Tallahassee, Elwood Curtis leva as palavras de Martin Luther King em seu coração: ele é “tão bom quanto qualquer outro”. Ele está prestes a se matricular na faculdade para negros da região, porém, para um garoto negro no Sul dos Estados Unidos no início dos anos 1960, um erro inocente é suficiente para destruir seu futuro. Ele é sentenciado a um reformatório chamado Nickel, que oficialmente diz promover “desenvolvimento físico, intelectual e moral” para que seus internos se tornem “homens honrosos e honestos”. Na realidade, o reformatório Nickel é uma grotesca câmara de horrores onde os sádicos funcionários batem e abusam sexualmente dos estudantes, onde oficiais corruptos roubam comida e suprimentos e onde qualquer menino que se rebele corre o risco de desaparecer. Perplexo por se encontrar em um ambiente tão corrompido, Elwood e seu novo amigo, Turner, apesar de terem ideais diferentes, têm duas opções: fugir ou acabarem no cemitério onde os outros meninos que tentaram fazer algo contra as autoridades do reformatório se encontram. Entre os detalhes desumanos e indizíveis das leis Jim Crow, que coloca os negros à mercê das decisões racistas dos brancos, o destino desses meninos será determinado pelo que eles aguentaram no Nickel.
Marlon James – Leopardo negro, lobo vermelho
Em um épico fantástico ― com elementos que vão de Gabriel García Márquez ao universo Marvel ―, Marlon James conduz o leitor por toda a riqueza das histórias e dos folclores do continente africano Com um faro infalível para encontrar coisas que preferem ficar perdidas, o Rastreador achará tudo o que quiser.
Seguindo rastros deixados por seu alvo, o Rastreador passa por cidades ancestrais, desbrava rios e florestas, imerge em culturas e costumes, vivência lendas e mitos, enfrenta todo tipo de perigos: demônios, feiticeiros, bruxas, necromantes. Confrontado pela vastidão do continente, por toda a beleza e o terror em seu caminho, o Rastreador decide ir contra seus princípios de caçador solitário ao perceber que seus inimigos são mercenários atrás do mesmo objetivo. O grupo ao qual se junta é heterogêneo e composto por personagens fantásticos, entre eles o misterioso metamorfo ― metade homem, metade Leopardo ―, que irá conduzi-lo em sua jornada.
Desdobrando personagens e lendas em uma cascata vigorosa, Leopardo Negro, Lobo Vermelho é uma ode à beleza e à pluralidade da mitologia africana.
Conceição Evaristo – Olhos D’água
Em Olhos d’água Conceição Evaristo ajusta o foco de seu interesse na população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem.
Sem sentimentalismos, mas sempre incorporando a tessitura poética à ficção, seus contos apresentam uma significativa galeria de mulheres.Elas diferem em idade e em conjunturas de experiências, mas compartilham da mesma vida de ferro, equilibrando-se na “frágil vara” que, lemos no conto “O Cooper de Cida”, é a “corda bamba do tempo”. Em Olhos d’água estão presentes mães, muitas mães. E também filhas, avós, amantes, homens e mulheres – todos evocados em seus vínculos e dilemas sociais, sexuais, existenciais, numa pluralidade e vulnerabilidade que constituem a humana condição. Sem quaisquer idealizações, são aqui recriadas com firmeza e talento as duras condições enfrentadas pela comunidade afro-brasileira.
Boas Leituras!
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Dicas e comentários sempre ótimos!